Veneno de escorpião pode ajudar no tratamento do câncer de mama
Estudo de universidades brasileiras identificou molécula com ação comparável à de quimioterápico tradicional
Em: 24 Jun 2025 10:54

Pesquisadores brasileiros identificaram no veneno de um escorpião da Amazônia uma molécula com potencial para tratamento do câncer de mama, uma das principais causas de morte entre mulheres em todo o mundo.
O estudo é liderado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP (FCFRP-USP), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Os resultados preliminares foram apresentados recentemente durante o evento FAPESP Week França, realizado no sul da França.
A molécula foi encontrada no veneno do escorpião Brotheas amazonicus, espécie comum da floresta amazônica. Em testes laboratoriais, ela demonstrou uma ação antitumoral contra células de câncer de mama semelhante à do paclitaxel, um dos quimioterápicos mais usados no tratamento da doença.
“Identificamos, por meio de bioprospecção, uma molécula com ação contra células tumorais, com efeito semelhante a compostos usados na quimioterapia”, explicou à Agência Fapesp a professora Eliane Arantes, coordenadora da pesquisa na USP.
Potencial terapêutico
Batizada de BamazScplp1, a substância induz a morte das células cancerígenas por necrose – um mecanismo já observado em toxinas de outros escorpiões. Os pesquisadores agora buscam produzir a molécula por expressão heteróloga, ou seja, em laboratório, usando micro-organismos como a levedura Pichia pastoris, que permite a produção em escala industrial.
A equipe também já participou do desenvolvimento de outros biofármacos, como o selante de fibrina, um tipo de "cola cirúrgica" feita a partir do veneno de cascavel, em parceria com o Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap), da Unesp de Botucatu. Esse produto está atualmente em estudos clínicos de fase 3, última etapa antes da aprovação.
Novas frentes no combate ao câncer
A pesquisa com o escorpião não é a única inovação brasileira contra o câncer. Outras iniciativas, como o CancerThera, da Unicamp, estão testando uma abordagem que une diagnóstico por imagem e tratamento com radioisótopos. E no Instituto de Ciências Biomédicas da USP, cientistas desenvolvem uma vacina personalizada contra o câncer, a partir da fusão de células do tumor do próprio paciente com células saudáveis.
Já na França, pesquisadores do Instituto Universitário do Câncer de Toulouse trabalham com inteligência artificial aplicada à ressonância magnética para prever a sobrevida de pacientes com glioblastoma, um tipo de tumor cerebral agressivo.
As descobertas reforçam o papel da ciência brasileira e internacional na busca por tratamentos mais eficazes e personalizados no combate ao câncer.
Fonte: G1

Isabelle Yohana
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